O vale dos castelos de Bragança Paulista.
Bairro da Bocaina - Fazenda do Trigo: Nos seus dias atuais.
 

Agora, praticamente já em 2000, com o mundo globalizado passando por forte crise financeira, a agricultura brasileira sofrendo com esta revolução, surge, para Olympio Félix de Araújo Cintra Netto, um grande desafio: o de manter a Fazenda do Trigo brilhando no próximo milênio.


Cel. Olympio Félix de Araújo Cintra e sua esposa Rita Meirelles Cintra que, durante a maior parte desta século, dirigiram a Fazenda do Trigo.
   
Olympio Félix de Araújo Cintra Netto, atual proprietário da Fazenda do Trigo, cercado pelos filhos Tito e Taíza, à esquerda e pela esposa Anna Maria Bove, à direita.


Com arte e criatividade vem ele mantendo intactos, tanto o velho casarão, como suas instalações, bem como a natureza que os circunda, os quais assim proporcionam aos visitantes a impressão de estarem vivendo em remotos tempos.
Quem entra no casarão e passa pela imensa varanda, repleta de folhagens e flores, tem a sensação da presença das donzelas, trajadas com longos vestidos, entregues à leitura ou escrita de poesias ou à confecção de bordados ou toalhas de croché. Já na espaçosa sala principal, a pessoa tem a impressão da presença dos coronéis do café ali reunidos para debaterem sobre a queda da Monarquia ou os modernismos da época, como a instalação e inauguração da Estrada de Ferro Bragantina, que permitiria embarcar o café, fazendo-o chegar ao porto de Santos no mesmo dia.


Fachada principal da casa-sede da Fazenda do Trigo
     
Uma das laterais da casa-sede, onde se observam, ao alto, janelas dos quartos e, na parte inferiro de cômodos que, no fim do século passado, eram ocupados pelos escravos.



Centenárias jabuticabeiras existentes nas proximidades da casa-sede da fazenda.
     Mais adiante, o visitante observa os enormes quartos, de cujas janelas descortina um quadro natural de indiscritível beleza onde, com certeza, os antigos moradores ali meditavam, procurando solução para problemas e local em que muitos sonhos foram acalantados em noites de luar.
De repente, parece sentir um aroma delicioso, procedente da imensa sala de refeições onde, pelas fiéis serviçais, eram servidos deliciosos quitutes e doces caseiros que eram saboreados, enquanto os olhos se encantavam com os pássaros beliscando jabuticabas no imenso bosque de jabuticabeiras ali existente e que ainda perdura há mais de um século, refrescando, com sua imensa sombra, as águas do lago lateral à casa.
Assim, de forma imaginária e um tanto poética, encerramos nosso passeio pela centenária Fazenda do Trigo onde, graças ao respeito aos antepassados e ao empenho que faz nesse sentido, a família Araújo Cintra, de geração em geração, ensina que o tempo somente passa para quem apaga e não respeita os feitos de seus ancestrais.


 

Matéria fornecida pelo autor, inédita na internet, já publicada no Bragança Jornal Diário em 1997
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